Leia como quem beija

Beije como quem escreve

Total de visualizações de página

segunda-feira, 29 de março de 2010

Poema: O punho e o Sol

Homem que tira leite de pedra
Trincando os dentes, de mão rachada
Garante que o sol não quebra
Ao som estridente da enchada
A força do punho tenaz

Imponente feitor seca a folha e a face
Queima o solo e a esperança
Ilumina a terra quando nasce
e o olhar que longe lança
Mas não torna o punho incapaz

O brilho do sol no leste
Que cedo desponta da serra
De igual beleza no oeste
Quando à tarde o dia encerra
Não muda o que o punho faz

Desde criança essa luta
Trabalha, casa e tem filho
Untando o sol com a labuta
Plantando feijão e milho
O punho do homem não jaz

Quando o sol, distraído, vacila
E a chuva o trabalho compensa
O solo antes roto cintila
Mas o homem vivido já pensa
Baixar o punho jamais

Sereno e cansado no olhar
Nas mãos vê os calos que fez
Sem saber o que vai encontrar
Vê o sol pela última vez
O punho descança em paz

Este poema está no livro I Antologia Poética:
Novos Poetas do Cariri Paraibano

Nenhum comentário:

Postar um comentário