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domingo, 22 de janeiro de 2012

Dentro

Dentro da palavra havia um grito
O mais ingrato grito audível
O grito de um segredo no escuro
Batendo e rebatendo nas paredes

Dentro do grito havia uma cor
Invisível no arco-íris,
Cujo tom esfarelado
Escondia um brilho quente

Dentro da cor havia um sonho
Longo louco turvo sonho
Em que se vê tudo desatento
Em que se vê um riso escondido atrás da porta

Dentro do sonho havia uma palavra
Escrita à lápis, escrita errada
Pronunciada pela mais bela boca
Ouvida pelo mais surdo ouvido
Vista pelo olho mais cético
Uma palavra da cor dos sonhos
Que soa como uma explosão
E se cala

2 comentários:

  1. Assim como há poetas e "poetas", também há poemas e "poemas". Já li muitos, mas existem alguns que surpreendem a cada vez que são lidos.
    Existem aqueles que usam de uma verborragia desconexa para produzirem textos confessionais, VOCÊ NÃO É UM DELES; existem aqueles que o texto depende da vida dele, VOCÊ TAMBÉM NÃO É UM DESSES;
    Não há, por enquanto, como definir sua poética, assim como não dá para definir você, amigo.
    Há mais de 15 anos eu tento compreendê-lo, e você sempre me surpreende.
    É cedo demais para chama-lo de gênio?

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